"We don't need no thought control. All in all you're just another brick in the wall" (Pink Floyd - The Wall)

Friday, August 26, 2011

Minha história (Capitulo 1) - Despertando pra a Vida

Uma das primeiras lembranças que tenho de minha infância é relacionada ao Natal, a minha festa preferida até hoje. Lembro de estar no meu berço (devia ter uns 2 ou 3 anos) olhando uma máscara de Papai Noel pendurada na janela do vizinho da frente (pois morávamos num conjunto residencial do IAPI - meu pai trabalhava num Posto de Assistência Médica). De repente noto que tem uma boneca ao meu lado, com corpo de pelúcia azul e rosto de plástico, muito em moda naquela época, um misto de menina e felino, com os braços arqueados e os pulsos unidos. Meus pais aparecem e fazem a maior algazarra me mostrando a boneca e dizendo que Papai Noel a tinha deixado pois era manhã de Natal. E eu comecei a "filosofar", a "pensar na vida": o que seria Natal? Por quê meus pais estavam tão animados? A troco de quê aquela boneca tinha aparecido no meu berço? E, afinal de contas, o que EU estava fazendo ali? Quem era EU? Por que aqueles dois diziam ser meus pais? Como apareci ali e por que eles se arvoravam assim em se denominarem meus pais, o que quer dizer ser pai e mãe?

Não sei se outras crianças pequenas têm tais pensamentos, mas acho que já demonstrava uma mente ativa demais e "filosófica demais" para a idade. Seria um princípio de "Transtorno de Ansiedade Generalizada" (TAG) ou só sinal de uma criança muito esperta? Não sei...

Morávamos num bairro muito simples, mas de gente muito boa, como não se vê mais nos tempos modernos. Existia algo que hoje em dia é raro: solidariedade. Todos se conheciam, se ajudavam, estavam ali para apoiar o outro em qualquer situação. Se alguém ficava doente, logo vinham vizinhas oferecer uma sopa, um mingau, companhia, ajuda, o que fosse, e sempre podíamos contar uns com os outros. Posso dizer que fui "estragada" por esse ambiente tão caloroso, e passo o resto da vida me decepcionando com amigos e vizinhos, pois no mundo de hoje, onde reina mais a "lei da selva", do "cada um por si", não é mais possível contar com as pessoas como a gente contava naquela época. Agora os vizinhos de porta nem se conhecem ou mal se falam e sinto falta daquele calor humano tão gostoso que me fazia com me sentisse mais segura, cercada de proteção e carinho. É claro que num ambiente onde todos se conhecem existe também muita fofoca, muita falta de privacidade e muita gente querendo interferir demais na nossa vida, mas antes isso do que ficar totalmente só, gritando por socorro sem que ninguém ouça - ou se importe em socorrer...

Na minha apresentação eu disse que já nasci fóbica, mas não me lembro de sintomas ocorrendo naqueles primeiros anos. Pelo contrário, tinha muitos amiguinhos, a maioria mais nova do que eu e por isso mesmo era como uma espécie de lider nas brincadeiras. Na frente dos prédios havia jardins e muito espaço para correr, e uma praça enorme logo em frente. Adorávamos correr, caçar borboletas, colher flores, fazer "comidinhas de folhas picadas" e andar de triciclo, uma das minhas atividades prediletas. Não era considerada uma criança tímida, muito pelo contrário, vivia sendo chamada de "desbocada" e "atrevida" pois sempre dizia o que queria, doesse a quem doesse. Tinha uma coisa: ou adorava uma pessoa ou odiava, não existia meio-termo. E demonstrava isso de todas as formas possíveis. Se não ia com a cara de alguém dizia logo "Não gosto de você!!" e pronto! Nada me fazia mudar de idéia, nem mesmo se a pessoa "me subornasse" com brinquedos e agrados. E dizem que sou assim até hoje! (risos)

Mas havia coisas que me causavam verdadeiro terror: pessoas machucadas ou sem algum membro. A simples visão de uma mancha de Mertiolate no braço de um vizinho era motivo para um ataque histérico. Berrava até ser afastada da pobre pessoa. E não suportava a visão de pessoas que não tivessem pernas, ou mão, ou faltando dedos ou qualquer defeito físico que fosse, simplesmente me causava horror. Tínhamos um vizinho que não tinha as pernas e estava sempre na frente da entrada do bloco onde morava batendo papo com os amigos e brincando com as crianças. Era um doce de pessoa, todos o amavam... e eu não suportava nem olhar para o pobre coitado, deixando minha mãe totalmente sem graça e mortificada, pois se saíamos e o "sem pernas" estava lá fora, tínhamos que atravessar a rua pois eu não passava perto dele por nada desse mundo. De onde surgiu tal horror não sei dizer. Isso se estendia ao manequim da vizinha costureira, só aquele tronco com pano meio "mumificado" sem braços, pernas e - o pior de tudo - sem cabeça! Ela tinha que esconder o manequim toda vez que íamos lá experimentar alguma roupa ou simplesmente visitar. E falando em "sem cabeça", adorava assistir às comédias dos "Tres Patetas" e num certo episódio um dos três literalmente "perde a cabeça", fica correndo para um lado e para o outro assim e comecei logo a berrar. Meu irmão, 15 anos mais velho do que eu, que sempre gostava de implicar comigo (fazendo graça, ou eu diria hoje em dia, bullying), levantava a camisa para cobrir a cabeça e corria atrás de mim gritando em voz gutural "olha o sem cabeça!!!!!", para meu total desespero. Bom, e uma fobia que trago até hoje: lagartixas!

O primeiro sinal de que havia alguma coisa errada se deu com relação a uma novela, se não me engano "Sangue e Areia". Minha mãe sempre foi fanática por novelas - uma das poucas distrações que tinha na vida - eu assistia a todas desde bebê, sabia o nome dos personagens e podia fazer o resumo de um capítulo para algum vizinho que não tivera oportunidade de assistir num determinado dia. Pois naquele dia o capítulo teve uma cena de tiro. Um dos personagens estirado no chão, com o peito sangrando. Creio que naquela época, em preto e branco, nem era coisa tão chocante, mas não sei porque isso me afetou. Uma ou duas horas depois comecei a sentir falta de ar. Respirava e parecia que meus pulmões só se enchiam até à metade, me fazendo ofegar. Disse a meus pais que não podia respirar e na mesma hora fui a um pronto-socorro próximo. Depois de muito examinar, a médica não descobriu nada de errado (e a essas alturas eu já nem sentia mais falta de ar de qualquer jeito). Chegou a conclusão que tinha sido nervoso. A partir daquele momento meus pais começaram a se preocupar.. e a perceber que eu era uma criança muito nervosa e sensível...

Thursday, August 25, 2011

A Malandrinha











Sempre achei que nasci na época errada e no lugar errado. Ouvia as serestas que minha mãe tanto gostava e via como suspirava, nostálgica de um tempo que eu nem conhecera... Como devia ser bom viver num tempo onde as mulheres eram exaltadas, quase como deusas... cortejadas com carinho, com deferência, com amor... Um tempo em que as mulheres não precisavam "ser iguais aos homens e ter as mesmas oportuinidades"... Pra quê? Que bom entrar num ônibus e um homem levantar-se e nos ceder o lugar... que bom um cavalheiro passar à nossa frente para nos abrir a porta... que bom receber uma rosa, ter um "pretendente" cantando à nossa janela... Que bom ser mãe acima de tudo, os únicos seres que geram vida, colaborando diretamente com Deus em Sua criação...

A sociedade muda... e é implacável com quem "perde o trem da história"... Há menos de quarenta anos atrás, ninguém perguntaria a uma mulher qual era a carreira que ela gostaria seguir... no máximo seria professora... se não casasse, freira. No mais, ficaria sob os cuidados amorosos dos pais, dedicando-se à casa, aos trabalhos manuais, às artes....

A maioria das mulheres quis mudar... mas, como costumo dizer... de um jeito ou de outro não se tem escolha... Antigamente, as mulheres não podiam trabalhar fora: não havia leis que as apoiassem e a sociedade não as via com bons olhos... hoje em dia, as mulheres não podem ficar em casa pois não há mais leis que as protejam e a sociedade as massacra.

Seja por conta da Fobia Social, ou pela depressão que faz com que me canse facilmente, ou só por natureza mesmo, nunca me senti inclinada a trabalhar fora... Tanta coisa para se fazer em casa: queria ler TODOS os livros do mundo, ouvir TODAS as músicas jamais compostas, estudar TODAS as artes, fazer TODOS os trabalhos manuais, aprender TODAS as línguas, tocar TODOS os instrumentos... é muita coisa! E, tendo filhos, ficar em casa ensinando-lhes os primeiros passos, as primeiras palavras, as primeiras letras, as primeiras notas musicais...

A frase que mais ouvi - e ouço - em minha vida é: "Vai trabalhar!!!", "Arranja um emprego!!", "Deixa de ser preguiçosa e vai à luta!!". Isso sempre me magoou muito, algumas vezes fiquei até revoltada...

A fama de preguiçosa associa-se à de malandra... Por isso, sempre choro quando ouço esta linda canção de Freire Junior, acho que é o meu "tema musical". Choro por não poder viver num tempo onde era lindo ser "malandrinha" e não "precisar trabalhar"... mas o tempo não volta atrás, infelizmente...

Mas sempre serei malandrinha.... E, agora, tenho o direito de ser, pois não devo satisfações ninguém, somente a meu marido que me sustenta... mas ele, graças a Deus, é como o homem da canção... sou muito amada e é desse jeitinho mesmo que ele me ama... Mas não pensem que é fácil... é muito difícil para ele, para mim e para nosso filho. A Fobia Social é uma doença que afeta todos à nossa volta e eles são livres para "pagar o preço" ou não. Sendo dona de casa, condeno minha família a uma vida de pobreza, mesmo aqui nos EUA. A partir do momento em que as mulheres começaram a entrar em massa no mercado de trabalho, o custo de vida aumentou, tudo aumentou proporcionalmente. Antigamente era possível um pai de família sustentar mulher e filhos com seu salário. Hoje em dia, é quase impossível. A maioria dos meus conhecidos trabalham - tanto o marido quando a esposa - muitas vezes até em dois empregos, para manter a família. Vivemos na pobreza, nada temos em nosso nome, as contas quase sempre beirando o "vermelho". Meu filho também sofre as consequências... o que herdará de nós além do legado espiritual e cultural? Se não for um gênio (e, nesse caso, conseguir bolsas de estudos e "patrocinadores"), como poderá cursar uma faculdade? Aqui nos EUA todas as faculdades são pagas... e muito bem pagas. Às vezes me sinto culpada, fico triste com a situação, penso em tudo que poderíamos ter se eu trabalhasse fora... É um problema difícil... muitos dizem que não trabalho fora porque não quero... será que alguém quer viver na pobreza e "condenar" marido e filho a viver sem todos os confortos da vida moderna? Não creio que seja o desejo de ninguém ser ou viver assim. Se vivo assim, é porque realmente não sei e não posso viver de outro jeito. Acho que serei sempre uma "malandrinha"...

MALANDRINHA

(Freire Junior)

A lua vem surgindo cor de prata

No alto da montanha verdejante,

A lira do cantor em serenata

Reclama na janela a sua amante


Ao som da melodia apaixonada

Nas cordas do sonoro violão,

Confessa o seresteiro à sua amada

O que dentro lhe dita o coração


Oh! linda imagem de mulher que me seduz

Ah se eu pudesse tu estarias num altar,

És a rainha dos meus sonhos, és a luz,

És malandrinha, não precisas trabalhar.


Acorda minha bela namorada,

A lua nos convida a passear,

Seus raios iluminam toda a estrada,

Por onde nós havemos de passar.

A rua está deserta, oh! vem querida

Ouvir bem junto a mim o som do "pinho"!

E quando a madrugada é já surgida

Os pombos voltarão para os seus ninhos.


Oh! linda imagem de mulher que me seduz

Ah se eu pudesse tu estarias num altar,

És a rainha dos meus sonhos, és a luz,

És malandrinha, não precisas trabalhar.


Tuesday, August 23, 2011

"Como Nossos Pais" - Hereditariedade da Fobia Social (e de outros problemas psíquicos e neurológicos) e meu relacionamento com meus pais

"I was born this way" (Lady Gaga - Born This Way)




"Eu nasci assim, eu cresci assim, e sou mesmo assim, vou ser sempre assim" (Caetano Veloso - Gabriela)

Lado paterno:

Atualmente, os estudiosos do assunto acreditam que exista um fator genético ligado à Fobia Social e a outros distúrbios de ansiedade. Filho de fóbicos sociais teriam 10 vezes mais chances de serem também fóbicos. No meu caso é bem verdade: meu pai também sofria de FS, se bem que de forma mais branda. É claro que a doença nunca foi "diagnosticada oficialmente", baseio-me apenas no comportamento dele, pois apresentava muitos dos sintomas clássicos. Sempre foi uma pessoa "voltada para si própria". Quando rapaz, fazia do porão da casa dos pais o seu "mundinho à parte", pois dividia o quarto com os irmãos. Lá, passava as tardes ouvindo música clássica no rádio, uma de suas maiores paixões. Ficava tão envolvido que os irmãos debochavam, dizendo: "Não incomode o mano, ele entrou na música". Realmente, fechava os olhos e o mundo podia acabar que ele não iria perceber, totalmente absorto pela melodia. Pouquíssimos amigos: um deles companheiro desde a mais tenra idade, apelidado pela família de "Carlitos" pois sempre se envolvia em situações engraçadíssimas pelo fato de ser tímido e desajeitado. Uma vez, ao dar uma aula, acabou derrubando o quadro-negro. Outra, ao sair de um banco, não viu a porta de vido e, literalmente, "passou por ela", que se estilhaçou (e não sofreu nem um corte sequer, felizmente). Em outra ocasião, parado na calçada esperando uma procissão católica passar, um dos homens que carregavam o andor de um dos santos pediu para ele ajudar por alguns momentos a fim de descansar um pouco e desapareceu. O amigo de papai, sem graça, carregou o andor até o fim da procissão. Acredito que também sofresse de FS, mas não posso afirmar com certeza, pois ele parecia também se divertir lembrando estes e outros episódios embaraçosos, coisa que os FS não costumam fazer. É muito difícil um FS encarar tais "mancadas" de uma maneira bem humorada (e este é justamente o maior problema dos fóbicos sociais: o que podia ser só uma situação engraçada para rir e contar aos amigos, vira um trauma, uma tragédia, um acontecimento pavoroso para ser remoído pela vida afora).

Papai também conseguia, até certo ponto, rir dos embaraços causados pela fobia pois, sem saber que era uma doença, interpretava tudo como "excentricidades", comportamento curioso e mesmo bizarro. Fumante desde a adolescência até os 50 anos, sempre comentava que era uma verdadeira tortura acender o cigarro na frente de outras pessoas, pois a mão tremia. Pior ainda se alguém viesse com um cigarro e pedisse para ele acender encostando na ponta do que ele estava fumando. Sempre oferecia rapidamente o isqueiro ou a caixa de fósforos. Assinar papéis na frente de outras pessoas também era complicado pois a mão sempre tremia um bocado. E, o pior, segurar a pequena xícara cheia de café até a borda - sem tremer e derrubar o café fervendo por todo lado. Uma vez ligaram para mamãe do Posto de Assistência Médica onde papai trabalhava como administrador, dizendo que ele estava muito mal e tinha sido levado às pressas para a enfermaria. Um colega o tinha acompanhado até a lanchonete para um cafezinho e viu a tremedeira dele ao pegar a xícara: pensou que ele estava tendo um ataque do coração ou um derrame. Obviamente teve alta na mesma hora e o episódio virou mais um dos episódios engraçados para relembrar - e rir - em família.

E para ser efetivado neste mesmo Posto, após passar no concurso público, era preciso passar também passar por um exame médico, nada muito sofisticado. Papai entrou no consultório gozando de saúde perfeita e durante o exame apresentou febre alta, batimentos cardíacos aceleradíssimos, pressão altíssima, pulso à toda velocidade e só não foi reprovado porque encontrou um médico compreensivo e bastante capaz, que conseguiu perceber que era tudo causado por tensão nervosa. Ainda comentou: "Sei muito bem que quando você sair deste consultório, todos esses sintomas alarmantes vão desaparecer como que por encanto". Dito e feito. Ainda bem que não havia entrevista!!!

Mas, como exerceu cargo de chefia por muitos e muitos anos - e era muito respeitado e admirado pelos funcionários sob seu comando - creio que a FS o atacava de forma mais amena do que no meu caso, pois com certeza não conseguiria dar ordens e ocupar uma posição de responsabilidade sem que o nervoso e a tensão me esmagassem. Havia um ponto fraco: geralmente não reagia quando era injustiçado. Guardava tudo no coração, sem retrucar, discutir, nem brigar... até o dia que teve um enfarto do miocárdio - totalmente emocional. Graças a Deus, sem sequelas. Além disso, creio que em certas circuntâncias a "timidez" o fazia parecer carrancudo e mau humorado, o que despertava temor em alguns funcionários. Mas mamãe sempre se queixou que ele não tinha muita iniciativa e que tinha perdido muitas boas oportunidades de subir na vida e conseguir cargos de maior remuneração (pois sempre cobrava muito de si mesmo e acabava não fazendo concursos internos por achar que não dominava satisfatoriamente as matérias que iriam cair nas provas... e todos os amigos, muitos deles menos capazes do que ele, acabavam passando...)

Personalidade totalmente oposta à de mamãe que, assim como vovó, era totalmente extrovertida e só se sentiae feliz rodeada de amigos. Penso que era bom assim pois um podia completar o outro de forma mais eficaz. Mas os vizinhos, alegres e barulhentos, rolavam de rir com mamãe, contando mil piadas... enquanto meu pai ficava de cabeça baixa, vermelho, sem nem esboçar um sorriso. O "tímido" e introvertido era visto como antipático, "estraga-prazeres" e mau humorado. Nunca faltou às festas e reuniões familiares - creio que mais por espírito de dever e união para com a família do que por sentir prazer em participar de tais festas.

O interessante é que, quando já estava com seus oitenta e tantos anos, uma vez comentou comigo que não tremia mais ao assinar documentos ou segurar a xícara de café pois "se sentia mais seguro pelo fato de ser velho". Ninguém vai achar estranho um velho tremer - pelo contrário, é até algo esperado. Assim, ele não ficava nervoso pois sabiae que, se tremesse seria natural... e com isso não tremia mais. A complexidade da mente humana sempre me impressiona! Será que vou ter que esperar ficar velha para que a fobia social não me traumatize mais? Por outro lado, ficou mais anti-social e passou a evitar até mesmo as festas em família que nunca o incomodaram... e quando ia, queria logo voltar e ficava insistindo com mamãe que já estava na hora de ir embora. Ele, que sempre adorou sair, passou a ser totalmente caseiro, só gostando de sair todos os dias para fazer compras no supermercado e comprar o jornal.

Aliás, nesse ponto concordo com papai... as festas, reuniões ou visitas a amigos ou familiares até que não me incomodam muito... se forem curtas! Para mim (e para ele também), duas horas no máximo, mais do que isso vira uma tortura. Mas mamãe já era o oposto, gostava de ir ficando, passar o dia todo com os irmãos ou outros parentes. Aliás, o estilo brasileiro de visitas não se ajusta bem aos fóbicos sociais: visita brasileira é coisa de, no mínimo, umas 5 horas, seja a gente visitando (e a pessoa insistindo para que a gente fique sempre mais um pouquinho), seja recebendo visitas... Quando era mais jovem não me incomodava tanto, mas de uns tempos para cá passei a ter horror a visitas longas, a ponto de me sentir totalmente agoniada.

Creio que outros membros da família de papai também sofriam de FS, e alguns de Transtorno Obcessivo Compulsivo (TOC). Uma irmã epilética e duas outras que sempre comentavam com mamãe que sofriam muito com uma "aflição que sentiam nas pernas" durante a noite e que não as deixava dormir direito. Muito provavelmente "Síndrome das Pernas Inquietas", que também, segundo os pesquisadores, parece ter um fator genético... (vou falar mais sobre a síndrome em outra parte do blog). Mas a "doença" maior que minava minha família pelo lado paterno não era o Transtorno Obcessivo Compulsivo, nem a Fobia Social, nem a Epilepsia, nem outra neurose qualquer: mas sim o preconceito contra doenças, principalmente mentais. O assunto sempre foi tabu e, por conta disso, nenhum deles nunca sequer admitiu ter algum tipo de distúrbio... quanto mais procurar ajuda de um médico...

Mas vou falar sobre esses problema do preconceito em outra ocasião.

Lado materno:

Mamãe sofria terrivelmente de Transtorno de Ansiedade Generalizada (TAG). Minha avó também sofria, a bisavó também. Vovó tinha verdadeiro pavor de "pegar doenças" ou de que os filhos pegassem. As janelas da casa viviam fechadas, pois qualquer ventinho podia significar um resfriado - que viraria, com certeza, uma pneumonia. Se entrava num bonde e havia uma pessoa tossindo ou espirrando, saltava imediatamente e pegava outro. Era uma reação, no mínimo, exagerada, mesmo considerando-se o fato de que sofria de asma e que, pegando resfriado, obviamente se sentia muito mal. Costumava comentar que sempre a acharam fraca e doentia e que também se sentia assim. Já estava aceitando a idéia de que provavelmente morreria antes de completar 18 anos. Depois dos 30, já casada e com 3 filhos, pensou que não chegaria aos 40... depois que completou 70, todo ano dizia que "seria o último". Faleceu com 83 anos e poderia ter vivido mais se não tivesse sofrendo dos terríveis efeitos colaterais do tratamento à base de Cortisona a qual foi submetida por muitos anos por conta da asma. A Cortisona melhora uma coisa... e estraga outras centenas, conduzindo à uma morte lenta. Primeiro ficou toda inchada, depois veio a catarata, a osteoporose (mas estas duas, de qualquer forma, são próprias da idade avançada), a caquexia (magreza impressionante, a ponto da pessoa ficar só pele e ossos). Nervosismo intenso. Insônia.



Mamãe nunca pensou que iria morrer antes dos 18 e nunca sofreu de asma. Mas sofria de enxaquecas terríveis, provavelmente causadas por descompensação hormonal, TPM (pois quase que desapareceram após à menopausa) e também enjôo causado por movimento ou balanço (andar em veículos, principalmente trens e ônibus). Essas enxaquecas dela me traumatizaram muito, pois lembro que era ainda muito pequena - com uns 4 ou 5 anos - e via minha mãe gemendo o dia inteiro, branca que nem um defunto, carregando um balde para cima e para baixo. E quando vomitava no balde, muitas das vezes era eu que era "escalada" para esvaziar... Creio até que foram essas enxaquecas que causaram o meu problema de menstruação irregular, pois associei uma coisa à outra e tinha pavor de que acontecesse o mesmo comigo (e um dia, conversando com minha sobrinha, que era bem pequena na época que mamãe ainda tinha essas enxaquecas, esta me confessou que também morria de pavor de herdar esse problema). Esse trauma provavelmente causou um bloqueio psíquico muito forte, pois os médicos nunca chegaram a uma conclusão sobre o porquê do meu problema. Na era do ultrasom, foi diagnosticado como consequência de ovários micropolicísticos, mas, depois de uns anos, fiz sonografia outra vez e não havia nenhum cisto, e estes não costumam desaparecer assim de repente.

Mamãe costumava dizer que já havia sentido "todas as dores do mundo" e por isso mesmo entendia tanto de medicina e de medicamentos, pois havia tomado todos. Realmente, os problemas viviam se acumulando, ou se alternando. Abcesso em dentes, otite crônica, problemas de coluna (tinha que espirrar totalmente curvada, quase com a cabeça no chão, senão sentia "um choque" na espinha) que a deixavam quase sem andar... um problema sério no braço direito que nenhum médico conseguiu diagnosticar - meses de internações, centenas de radiografias, operações, biópsias, fisioterapia.... a cabeça do ombro simplesmente "gastou" e, com o passar dos anos, o osso foi "desaparecendo", a ponto de agora ela não ter osso nenhum da metade do úmero, acima do cotovelo, até o ombro. Nem sei como consegue mexer o braço nessas condições. E por conta de tratamentos errados e de negligência médica (foi deixada tempo demais num aparelho de ondas curtas e teve a pele do braço queimada... a queimadura se transformou em câncer de pele, felizmente totalmente retirado em uma pequena cirurgia) seu estado só piorou. Depois, queda e fratura do "braço bom" e até um princípio de derrame, sem sequelas (só ficou durante um tempo andando "feito bêbada", perdendo o equilíbrio à toda hora). Hoje em dia penso que ela teve uma artrose degenerativa no braço, mas isso é diagnóstico "meu".

Como vovó, tinha verdadeiro pavor de "micróbios". Se alguém espirrava perto dela, prendia a respiração até sair de perto, discretamente. Tudo era motivo para não sair de casa. Se fazia muito sol, o calor podia fazer ela passar mal, se chovia ou ventava, podia pegar um resfriado. Saía, se muito, umas duas ou três vezes ao ano, para o aniversário dos netos e de alguns parentes ou às vezes nem isso. De vez em quando "se arriscava" a ir ao cinema com papai e, na volta, entrava em casa na disparada, direto para vomitar no banheiro. E o pior é que estendia essa preocupação com a chuva a toda a família e geralmente não me deixava ir à escola quando chovia muito (e eu pegava o ônibus em frente ao prédio, nem dava para pegar chuva!). Isso me valia mais gozações das colegas, principalmente da colega Júlia, da qual falarei mais tarde. Vivia perguntando se eu tinha medo de derreter com a chuva como se fosse feita de papel ou açúcar. E, falando nela, resfriava-se muito frequentemente e, como sentava a meu lado no ônibus, tossia o tempo todo no meu rosto e eu acabava pegando o resfriado também. Minha mãe morria de raiva e achava que Júlia tossia em cima de mim de propósito, e me instruiu a mudar de banco no ônibus e sentar bem longe dela da próxima vez que esta pegasse uma gripe. Assim o fiz, e Júlia sentiu-se muito ofendida, ficou comentando o episódio por um bom tempo.

Mas o que mais me incomodava em mamãe era que ela sempre via as coisas pelo lado negativo, uma das pessoas mais pessimistas que já vi. Se alguns parentes me convidavam para uma viagem de carro a alguma cidade próxima, achava logo que haveria um desastre de carro e que todos iriam morrer. Quando já era adolescente e mesmo depois de adulta, se saísse e me demorasse um pouco, logo imaginava que eu tinha sido sequestrada, estuprada, assaltada ou sei lá o quê, mas sempre coisa ruim e o pior é que de tanto me dizer essas coisas, eu também acabava ficando com medo e achando que realmente algo horrível iria acabar acontecendo comigo. Uma vez, quando vovó ainda era viva e ouvia rádio o dia inteiro, ouviu no noticiário que tinha havido um acidente com um ônibus escolar. Pronto!!! Tanto vovó quanto mamãe tiveram plena certeza de que era o meu! Ligaram para a escola. Eu sem saber de nada... no meio de uma aula, entra a diretora na sala e pergunta se Diana está presente. Levantei o braço e fiz menção de me levantar, pois pensei que ela queria falar comigo. Mas ela disse que não era preciso, que só queria saber se eu estava na sala. As colegas começaram a cochicar e a rir, e eu sem entender o porquê. Provavelmente pensaram que eu "andava aprontando" e que estava sendo vigiada... (e olha que eu tinha fama de santinha!).

Sofri muito por conta dessas manias de mamãe durante toda a minha infância e pré-adolescência. Por ocasião do casamento de meu irmão (15 anos mais velho do que eu), estando eu com 9 anos de idade, começou a surgir na minha cabeça a tão famosa questão "de onde vêm os bebês?". Achava que eles simplesmente cresciam no ventre das mulheres por alguma razão misteriosa. A noiva de meu irmão morava longe e passava bastante tempo lá em casa nos preparativos para o grande dia. E eu notava palavras aqui e ali chochichadas sobre exames ginecológicos e outras coisas. Isso tudo me intrigava um bocado. Um dia, cheguei para mamãe e perguntei: "como é que a barriga de uma mulher sabe que ela se casou para que então faça crescer um bebê dentro dela?". Minha mãe fingiu não entender a pergunta. Como insistisse, começou a dar risinhos nervosos e, no final, disse que não sabia. Senti-me totalmente ultrajada e saí correndo aos prantos. Obviamente mamãe estava me fazendo de palhaça, pensava eu, pois se ela tinha tido filhos, como poderia não saber? Estava só debochando de mim, humilhando-me, fazendo pouco da minha inteligência. Sentia-me diminuída por ser criança! Perguntei o que era "sexo" (naquela época, a TV ainda engatinhava e não se discutia todos os assuntos abertamente como hoje em dia. A minha "leitura proibida" era a revista Pais e Filhos, que meus pais compravam regularmente. E de vez em quando deparava com a palavra "sexo", "parto" "puberdade", essas coisas. A certa altura, mamãe não deixou mais meu pai comprar a revista, pois "estava ficando muito indecente e pouco própria para os meus olhos"). "Sexo, ora! Sexo feminino e sexo masculino. Isso é sexo!". Respondeu. Retruquei que não era a isso que me referia e achei que ela estava, mais uma vez, debochando de mim e fazendo pouco caso das minhas indagações. Chorava e chorava sem parar, e tanto perturbei que ela então disse "ah, essas coisas se aprende nos livros!". E lá fui eu, sempre aos prantos e tremendo muito, folhear a "Enciclopédia Conhecer" no quarto de meu irmão. Ele estranhou e perguntou o que estava acontecendo. Quando expliquei, ficou muito sério e me disse: "Sinto muito não poder te dizer nada, pois só nossos pais têm o direito de falar dessas coisas com você! Mas você é uma menina muito inteligente! Pense! Pense! Não é tão difícil assim deduzir! Pense no corpo do homem e no da mulher! Pense!". Pelo menos parei de chorar, pois alguém tinha me tratado com respeito (mesmo que não tenha me dado a tão ansiada resposta). E lá fiquei eu deitada na cama pensando e pensando e pensando. Imaginava o feto na barriga, imaginava os corpos... mas não atinava no que poderia ser! Voltei a pressionar mamãe para me dizer. Ela, a essas alturas já sem paciência, disse que uma menina só devia saber essas coisas quando "ficasse mocinha". E agora!!! Já sabia (informada por vovó, que para essas coisas sempre teve a mente muito mais aberta do que mamãe) que as meninas ficavam menstruadas pela primeira vez por volta dos 13 anos. Ainda tinha 9! Esperar 4 anos!!! Faltava muito!!! Não era justo! E, quando somos crianças, o tempo sempre parece demorar mais a passar. Fiquei obcecada com a idéia de "ficar mocinha" e até rezava para Deus para que isso acontecesse precocemente. Mas até Ele parecia estar surdo aos meus apelos!

Com o tempo, cheguei à conclusão de que devia acontecer algo TERRÍVEL entre um homem e uma mulher, pois se as pessoas tinham tanto cuidado assim em esconder, se até meu irmão disse que não tinha direito de contar, se era muito jovem para saber, só podia ser porque a coisa era tão monstruosa que, naquela idade, se soubesse, enlouqueceria. Passei a não querer mais saber, ou melhor, a ter pavor de saber. A certa altura desejei o contrário de antes: que o tempo passasse bem devagar e que eu só ficasse mocinha já bem crescida. Claro que essa resolução durou pouco, vencida pela curiosidade, e estava sempre de olhos e ouvidos atentos. Um dia, visitando uma loja de artigos e livros religiosos, peguei por acaso um livro para crianças cujo título era "De onde vêm os bebês". Cheguei a tremer com o livro na mão. Ali, com certeza, estava a resposta para todas as minhas perguntas, a solução para o mistério! Senti um calafrio pela espinha. Mas, quando ia folhear o livro, meu pai se aproximou e o larguei na estante, tentando disfarçar a emoção. Mais tarde, minha mãe comentou comigo que meu pai tinha pensado em comprar este livro, mas desistira por temer a reação dela. Era muito azar!

Só fui mesmo "saber a verdade" na escola, nas aulas de biologia (óvulo, espermatozóide, zigoto, etc... quanto à parte "teórica", já estava tudo bem explicado, mas quanto à parte prática, ainda ia levar um bom tempo para eu ter maiores e mais detalhadas informações, e a "profecia" de mamãe se realizou, pois aprendi tudo nos livros e algumas revistas compradas "às econdidas" quando já era grande o suficiente para ir à escola sozinha e ter um pouco mais de liberdade... além de uma mesada). O assunto sexo foi tabu entre nós duas durante anos e anos, só conversamos mais abertamente sobre isso depois que me casei!

Nunca me deixou usar maquiagem, até pelo menos os 14 anos. "Criança usando maquiagem é coisa vulgar!", dizia. Até hoje se choca vendo meninas de até 3 anos de idade pintando as unhas e colocando batom, coisa tão natural, só a vontade da criança de imitar a mãe, vontade de ser mulher, vontade de crescer! Mas mamãe nunca compreendeu essas coisas. Como eu era gorduchinha e tinha o corpo bastante desenvolvido para a minha pouca idade, já com uns 11 anos os meus peitos começavam a fazer volume nas blusas, e me sentia nua com isso, morta de vergonha. Mas usar sutiã com 11 anos, nem pensar!!!! Um dia cheguei a fazer um sutiã usando retalhos de tecidos, mas não fui muito bem-sucedida na empreitada e, sem alças e sem colchetes para prender, o sutiã ficou lá jogando em meio aos meus brinquedos. Alguns anos mais tarde, ouvi uma ortopedista dizer que muitas crianças acabam com problemas nas costas e com propensão à concundice justamente porque, nessa fase, têm vergonha dos seios em desenvolvimento e, instintivamente, curvam os ombros para a frente, tentando escondê-los. Concordo com ela, pois realmente, uma das reclamações de mamãe era justamente que eu "vivia curvada" e não fazia esforços para ter "um porte elegante". Por conta dos problemas hormonais, os pelos também apareceram antes do tempo... e muito abundantes! Minhas pernas eram totalmente peludas, parecia até que eu usava uma meia-calça escura. Isto contrastava com a minha pele muito branca e me morficiava um bocado, ainda mais que a maioria das colegas na escola já depilava as pernas. Mas nenhum argumento parecia convencer minha mãe de que eu estava me tornando uma mulher. Para ela, eu era apenas uma criança... e ainda fazia graça dos pelos, dizendo que eu parecia "uma macaquinha". Como sofri por conta dessas coisas. Até que um dia resolvi , trancada no banheiro, raspar os pelos das pernas e das axilas com a lâmina de barbear de papai. Fiquei surpresa com o que vi, minhas pernas pareciam tão bonitas sem os pelos, tão macias e brancas! Senti-me bonita e fiquei um bom tempo admirando minhas próprias pernas devidamente depiladas. Se ela reparou, nunca disse nada. E passei a me depilar regularmente, sempre às escondidas, por um bom tempo. Uma vez escutei mamãe comentando com vovó que a faxineira vivia usando a lâmina de barbear de papai, pois ele sempre se queixava de que perdia o fio de um dia para o outro e, com isso, o deixava cheio de cortes e com a barba mal feita. Fiquei quietinha no meu canto, sentindo-me um pouco culpada por deixar a pobre da faxineira levar a culpa...

Da minha adolescência em diante (creio que até o dia do meu casamento, e casei com 36 anos de idade), tinha pavor de que eu "me perdesse" (que é como ela se referia ao fato de alguém deixar de ser virgem). Se eu tinha um namoradinho (já no tempo da faculdade), espionava cada passo. Se a gente saía dizendo que ia a um certo lugar, ela ficava na janela para "conferir se a gente estava indo na direção certa". Muitas vezes mudávamos de planos ao chegar na rua e, quando chegava em casa, ela logo me cobrava "vocês disseram que iam para a Zona Sul, mas vi tomando a direção oposta, indo para o lado do ponto de ônibus para a Zona Norte". Chegava até a cheirar as minhas roupas! Isso me enfurecia muito, pois considerava uma verdadeira invasão de privacidade, e não era mais nenhuma menininha! Mamãe queria ser dona do meu corpo, controlar meus desejos. Numa palavra: castradora. E, é claro, sempre fazia pouco caso do "meu eleito", fosse paixão platônica ou "meio correspondida", tanto que sempre escondia dela o mais que podia. Ou seja, com esse comportamento, ao invés de se converter em confiança de "cúmplice", o que seria até "útil" para ela me investigar, fazia com que eu estivesse sempre "em guarda" e frustrada por não poder me abrir com minha própria mãe.

Uma vez, com uns 14 anos, fui passar uns dias na casa de uma parenta quase da minha idade, pois morava num bairro mais calmo e com muitos parques por perto, onde podíamos brincar à vontade. Durante todo o tempo que lá estive, uma tosse terrível me atacou, a ponto de não conseguir dormir à noite e, em certos momentos, nem ter fôlego para falar. Pensamos que era um princípio de gripe. Mas comecei a sentir meu corpo "estranho", uma fraqueza, um estado febril, tonturas. No dia de voltar para casa, sentia-me muito mal, mas não sabia bem o que estava errado comigo. Sentia-me exausta. Desabei na poltrona da sala e comecei a chorar convulsivamente, tal o mal estar que sentia. Pois minha mãe me abraçou, perguntou o que estava errado comigo. Respondi que não sabia. Ela então teve um sobressalto e perguntou: "Se perdeu???". Chorei ainda mais por conta do absurdo da pergunta. No dia seguinte meu corpo estava coberto de manchas vermelhas: era escarlatina. Foi a única vez na vida que pensei que ia morrer, de tanto que me senti mal. Mas nunca esqueci a pergunta inusitada de mamãe (provavelmente, hoje em dia ela iria me dizer que NUNCA fez tal pergunta, que foi delírio meu, causado pela febre, mesmo depois de tantos anos ainda reagia desta maneira quando eu comentava algum episódio do passado no qual ela me fez sofrer).

Quando tinha o "meu grupinho" na faculdade de Administração, fomos todos, um dia, assistir a um jogo de Copa do Mundo na casa de uma colega chamada Amanda (mesmo eu detestando futebol e nem prestando atenção ao jogo... era sempre motivo para estarmos todos juntos) e depois do jogo, desanimados com a derrota brasileira, decidimos ir até o Alto da Boa Vista e ficar um bom tempo num barzinho, só papeando. Depois, um dos colegas foi levar todo mundo em casa e acabava parando o carro e conversando, ninguém tinha pressa. Quando chegou na casa de Amanda, a mãe dela nos disse que mamãe tinha ligado para lá desesperada à minha procura. Fiquei morta de vergonha, pois os amigos começaram a rir muito e a fazer graça com isso. Dei a maior bronca em mamãe, mas ela disse que se apavorou porque a mãe de Amanda tinha dito a ela que "tínhamos todos saído para afogar as mágoas bebendo em algum barzinho". Ela disse isso de brincadeira, mas mamãe acreditou piamente... E ela conhecia todo mundo do grupo, sabia que todos eram "ajuizados" e gente boa!

E foi assim a vida toda... eu já com mais de 30 anos e minha mãe "me caçando" por todo o lado, pois eu tinha que dizer a hora que ia chegar em casa, e se passassem 5 minutos, ela já achava que eu tinha morrido... e passava a ligar para todo mundo, me procurando. Disse a ela que, com essa idade e ela fazendo isso, as pessoas iam achar que eu era uma retardada. Tivemos muitas brigas por causa disso e acabei "cedendo" e passando a ligar para ela de um telefone público ou da casa de um amigo sempre que ia me demorar mais um pouquinho, para que ela me poupasse do vexame... Isso foi antes da era dos celulares... hoje em dia, fico pensando e não sei dizer se teria sido uma bênção para mim ou mais um tormento... por um lado, mamãe ficaria tranquila me ligando e sabendo que eu estava bem e viva... mas por outro, o celular não iria parar de tocar o tempo todo e, com certeza, seria alvo das galhofas dos amigos de qualquer jeito.

O mais engraçado (ou paradoxal) é que o medo de que eu fosse assaltada ou sequestrada suplantava o medo de que eu perdesse a virgindade, creio eu, pois se saía com um rapaz que tinha carro, ela achava que estava tudo bem e não criava nenhum caso, mas se saíssemos de ônibus era uma verdadeira guerra! Sempre dizia que "se era de carro estava tudo bem". Engraçado... e é justamente de carro que as pessoas têm mais chance de ir a um motel ou coisa parecida!

Após alguns problemas de família, que a deixaram muito traumatizada (divórcio do meu irmão), entrou em depressão profunda. Não tinha mais vontade de fazer nada, ficava o dia inteiro sentada com o olhar vazio, sem expressão no rosto. Sempre muito gaiata, não contava mais piadas e nem as novelas, sua paixão maior, a empolgavam mais. Foi a um médico no prédio ao lado, que havia cuidado de vovó por muitos anos, e este receitou um anti-depressivo muito forte. Mas foi piorando cada vez mais. Descobri muitos anos mais tarde, que ela teve uma reação que algumas pessoas têm a tranquilizantes muito fortes, chama-se "Acatisia": a pessoa sente um "nervoso" pelo corpo todo e não consegue parar de se mexer. Se sentada, cruza as pernas e descruza sem cessar. Se parada, em pé, fica como que marchando no mesmo lugar. E as crises geralmente pioram à noite. Muitas vezes minha mãe ficava andando pela sala em círculos sem parar... isso a deixava em pânico e aí vinha a enxaqueca e os vômitos, para piorar ainda mais a situação. Foram tempos muito difíceis, e cada vez que mamãe tinha uma crise, eu chorava sem parar e tremia muito de nervoso, sem poder fazer nada para ajudá-la. E ainda por cima, por conta dessas crises, ninguém dormia à noite inteira e eu ia dar aulas no curso de Inglês morta de cansaço. Só descobri sobre esta "Acatisia" quando pesquisava na internet sobre a "Síndrome das Pernas Inquietas" da qual sofro, e os sintomas se assemelham ao dessa doença, só que mais amenos. Depois de muita resistência, concordou em consultar uma neurologista que, após muitos exames, diagnosticou erroneamente como Parkinson. Além do remédio para doença de Parkinson, receitou "Anafranil", pois provavelmente percebeu que minha mãe era muito nervosa e com tendências a TOC e Ansiedade Generalizada. Pois depois de alguns meses tomando os remédios, vi mamãe se transformar noutra pessoa. Cheguei a me chocar com isso e até dizer a ela que agora tinha outra mãe, pois não a reconhecia mais! Passou a querer sair a toda hora, não perdia uma festa ou reunião familiar, tinha ânimo para tudo e nem importava mais se fazia sol ou chuva. E já não se preocupava tanto com tantas coisas, realmente uma mudança radical. Com o passar dos anos, continuou animada para sair (embora esbarrando na falta de ânimo de papai) mas creio que o Anafranil já não fazia mais tanto efeito como no início (típico desses medicamentos) pois, alegando as preocupações comigo, com meu irmão e o resto da família, passou a rezar e rezar o dia inteiro. Como tínhamos muitas imagens de santos espalhadas pela casa, ela passava a maior parte do dia indo rezar em frente de cada uma, e também na frente de fotos de parentes já falecidos (principalmente vovó e vovô) . Mesmo quando se deitava para dormir, ainda ficava mais de uma hora rezando. Para piorar as coisas, cada vez encontrava uma oração nova e a coisa ia num crescendo absurdo, a ponto dela própria se queixar que não tem tempo para quase mais nada por causa de tantas rezas. Mas creio que segundo o pensamento dela, se não dissesse todas as orações e se não parasse em frente de todos os santos e retratos, algo ruim iria acontecer... ou então as coisas, que já estavam ruins, iriam piorar. Ou muito me engano ou isso era um sintoma de Transtorno Obcessivo Compulsivo (TAG).

Mamãe tinha dois irmãos, e um sempre foi apelidado de "muro das lamentações" pois vivia se queixando da vida, se lamentando de tudo, sempre deprimido, sempre reclamando de tudo, mas, paradoxalmente, dono de um senso de humor notável! (creio que sofra de distúrbio bipolar) Mas essa também é uma característica de mamãe, e também era de vovó, que fez piadas até na hora da morte...

Um fato interessante... quando passei 3 anos no Brasil, já casada e com meu filho de 7 anos, fomos um dia, com meu marido, visitar a faculdade na qual estudei por tantos anos (9 no total, contando com a pós-graduação)... meu filho adorou a faculdade, com tantas rampas, corredores imensos e varandas com vistas para toda a cidade, então fomos ficando por lá sem noção do tempo... comemos sanduíches na lanchonete do meu antigo andar e depois fomos ver os famosos jardins... parecia que eu tinha voltado no tempo... e me senti vitoriosa e muito emocionada por estar lá com meu marido e meu filho, quando nunca sequer pensei, nos tempos de faculdade, que iria me casar algum dia, quanto mais ter um filho... fomos ver o lugar onde os casais costumavam namorar as escondidas, banquinhos de cimento em meio a lírios e árvores de todo o tipo e nos deparamos com uma "clareira" no meio das árvores... as folhagens projetavam sombras (era noite de lua cheia, lindíssima) e o ambiente era mágico... meu filho ficou fascinado e até chamou de "jardim encantado".. quando estavamos nos dirigindo para a saída (demorou um bocado para convencer o menino a voltarmos para casa, ele falava que "queria morar lá na faculdade"), toca o celular... era mamãe em pânico porque nós tínhamos "desaparecido" e já era tarde da noite (20hs mais ou menos)...
Certas coisas nunca mudam... (e agora, sim, eu tinha celular!)

Sunday, August 21, 2011

Fobia Social - Como Definir...




Penso que o mais trágico da Fobia Social seja justamente a dificuldade em defini-la.

Música é uma das minhas paixões (só suplantada mesmo pela literatura) e tenho um gosto bastante eclético. Aprendi com minha mãe a apreciar um gênero em moda no tempo dela, a romântica seresta. A letra de uma delas, chamada "Ontem ao Luar", de Catullo da Paixão Cearense e Pedro de Alcantara, diz: "Como definir o que só sei sentir? É mister sofrer para se saber o que no peito o coração não quer dizer". Realmente é muito difícil definir um sentimento, acho mesmo que só quem sofre desse problema e de outros semelhantes (pois é uma vasta "família"...) pode entendê-lo em sua plenitude. Os outros, incluindo profissionais da saúde, podem ter uma idéia, baseados nos nossos relatos e na observação do nosso comportamento, mas NUNCA vão ter nem uma pálida idéia do que realmente se passa em nossa mente. É mais ou menos como tentar explicar a dor das contrações do parto para quem nunca teve um filho, ou descrever uma dor de dente para quem tem os dentes perfeitos. A explicação nunca fará juz ao grau de intensidade e à natureza do sentimento. A literatura médica ainda não se decidiu nem mesmo quanto ao verdadeiro nome. A princípio, deu-se o nome de "Fobia Social" - e muitos preferem este nome até hoje - mas há uma tendência agora a chamar de "Ansiedade Social". Outra coisa que dificulta terrivelmente a definição é o fato de existirem várias manifestações, graus de intensidade e comportamento da doença. Alguns nascem fóbicos sociais, outros estão vivendo sua vida muito bem, extrovertidos e mantendo ótimas relações sociais com amigos e colegas de trabalho e, de repente, se vêem fóbicos sem quê nem porquê. Alguns tem só alguns sintomas específicos, outros tem todos os sintomas descritos e outros que nem sequer são conhecidos ainda. Uns são fóbicos sociais com uma intensidade incrível, outros são "moderadamente fóbicos". Uns conseguem sensível melhora com os tratamentos disponíveis no momento, outros nunca melhoram ou até chegam a piorar com tais tratamentos. Nem mesmo os fóbicos sociais são todos iguais, pelo que já pude perceber. A gente fica assombrada quando descobre que "não é a única no mundo a sofrer de um determinado mal", e conforta saber que muitos pensam do mesmo jeito que a gente, sofrem o mesmo, têm as mesmas reações, etc, mas, mesmo assim, não se pode falar em uniformidade.

A definição mais em voga afirma que a fobia social nada mais é do que uma "timidez patológica". A maioria das pessoas fica encabulada em certas situações socias, como por exemplo, quando estão apresentando um trabalho oral na faculdade ou tocando numa audição de piano. Há sempre um grau de expectativa quanto ao desempenho, uma certa ansiedade, o que é muito natural. O corpo da gente tem vários mecanismos de defesa (como uma descarga de adrenalina, por exemplo) que nos preparam para enfrentar situações novas e potencialmente de perigo. E tem gente "acanhada" quando é apresentada a uma pessoa nova ou quando quer paquerar alguém. Os fóbicos sociais sempre foram confundidos com os tímidos, mesmo porque a doença foi "detectada" e "batizada" há poucos anos. Lembro que sempre me diziam quando era pequena "você é muito tímida, mas com o tempo isso melhora"... Só que com o tempo isso só piorou, pois não era só timidez. A pessoa tímida tem um "friozinho na barriga" quando vai apresentar um trabalho na escola. A fóbica social começa a sofrer meses antes do dia de apresentar o trabalho e, na hora, tem tremores, suores, tontura, enjôo, rubor facial, zumbido nos ouvidos, dor de barriga, boca seca e até dormência dos membros. Quase sempre dá um branco parcial ou total, a pessoa pode esquecer até o próprio nome, quanto mais a matéria a ser apresentada. O que para os tímidos é só uma excitação, para os fóbicos sociais é pânico total, a pior experiência de sua vida, e no final das contas já não se sabe mais o que veio primeiro, "o ovo ou a galinha": ficamos com pavor de nos sentirmos daquele jeito, ainda mais na frente de outras pessoas e no final das contas acabamos nos sentindo assim justamente por "medo de se sentir assim". Que coisa! Ou seja, se parece com a timidez (por fora) mas é uma doença gravíssima e incapacitante, na maioria dos casos.

Prefiro dizer que a FS é uma "mania de perfeição" chegando `as raias do absurdo total. A pessoa simplesmente tem pavor de falhar, de passar por um vexame ou por uma situação humilhante, de fazer papel de boba na frente dos outros, de ser reprovada num exame, ou seja, de não ser perfeita. As pessoas normais, geralmente, erram o tempo todo e muitos até riem de seus próprios vexames ou gafes mas, para o fóbico social, errar vira um trauma para a vida inteira que vai ser remoido milhares de vezes em nossa mente, por anos a fio. E não precisa ser "algo de vulto" como apresentar um trabalho oral na escola ou tocar numa audição de piano. O simples fato de se servir de um refrigerante numa festa torna-se uma verdadeira tortura. Na cabeça do fóbico social, ele vai tremer e derrubar o copo, e todo mundo vai rir dele, achar que ele é um trapalhão, um estabanado, um desajeitado. Aí, claro, fica nervoso e acaba tremendo - e na maioria das vezes derrubando mesmo o copo. Dizem que a gente atrái o objeto temido e acho que é verdade, pois vira um círculo vicioso. Se a fobia só se manifestasse nos "grandes acontecimentos" (e para alguns fóbicos sociais realmente é assim, por isso digo que existem muitos graus diferentes da doença), já seria suficientemente ruim, mas não seria algo tão frequente a ponto de fazer a vida da pessoa um inferno. Mas os fóbicos como eu têm pavor de TODAS as interações sociais. Assinar um cheque numa loja, com o vendedor observando, é uma tortura: a letra sai toda tremida. Geralmente evito usar moedas na hora de pagar alguma coisa, pois com as mãos trêmulas é difícil lidar com objetos pequenos e delicados. O curioso da história é que a gente acaba tremendo por ter medo de tremer!

E se fosse só aquele determinado momento que nos incomodasse, já seria bastante ruim, mas tem também a "antecipação", que, a meu ver, é o pior de tudo, pois é o que realmente "envenena" a nossa vida, tira todo o nosso prazer e faz com que não possamos relaxar um só instante, se em algum ponto do nosso futuro existe uma entrevista ou uma avaliação, etc. Um exemplo: Digamos que daqui a seis meses vou ter que fazer um exame prático para tirar carteira de motorista (e isso realmente aconteceu comigo...). A partir do momento que nos inscrevemos e que o exame é agendado, começa a tortura. A nossa mente fica martelando na nossa cabeça, dia e noite, "você não vai passar, é muito difícil, na hora vai tremer, não vai sentir as pernas e os braços e aí, é claro, vai perder o controle do carro, vai ser horrível" "você não vai passar, é muito difícil, na hora vai tremer, não vai sentir as pernas e os braços e aí, é claro, vai perder o controle do carro, vai ser horrível" "você não vai passar, é muito difícil, na hora vai tremer, não vai sentir as pernas e os braços e aí, é claro, vai perder o controle do carro, vai ser horrível" "você não vai passar, é muito difícil, na hora vai tremer, não vai sentir as pernas e os braços e aí, é claro, vai perder o controle do carro, vai ser horrível".

É claro que a vida tem que ir seguindo em frente, enquanto o exame não vem, mas tudo perde o sabor, não há prazer em nada, não podemos relaxar e aproveitar. Vamos ao cinema, assistimos ao filme e, no meio da história, vem o pensamento "você não vai passar, é muito difícil, na hora vai tremer, não vai sentir as pernas e os braços e aí, é claro, vai perder o controle do carro, vai ser horrível" e lá se vai embora o simples prazer de assistir a um filme. Quando me casei no religioso, no Brasil (já era casada no civil aqui nos EUA), o meu exame prático de motorista (pois a carteira brasileira só é válida para turistas, não é aceita para quem já tem o Green Card e, consequentemente, status de residente) a cerimônia foi em novembro... e o exame de motorista seria em setembro do ano seguinte, dez meses depois! Pois lá estava eu, entrando na Igreja ao som de Pompa e Circunstância, braço dado com meu pai, e na minha cabeça só vinha o pensamento "você não vai passar no exame, é muito difícil, na hora vai tremer, não vai sentir as pernas e os braços e aí, é claro, vai perder o controle do carro, vai ser horrível". E isso, claro, somado ao pânico de estar ali naquela situação, sendo o centro das atenções, e com outro pensamento também "buzinando" na minha cabeça "você vai tremer e não vai conseguir colocar a aliança no dedo do noivo, vai deixar cair, vai ser um vexame total!". Claro que várias outras preocupações vão se somando, num verdadeiro efeito bola de neve (e devidamente remoídos por meses a fio, a partir do momento em que a cerimônia foi marcada) "meu Deus! e na hora de cortar o bolo? Vou tremer!!! e, pior ainda, na hora do brinde com a Champanha, como vou conseguir segurar aquela tacinha tão frágil sem tremer e derrubar, ou segurar com muita força devido à tensão e bater com muita força na hora do "tim-tim?", arriscando até quebrar as taças!" A noiva tem que sorrir, tanto para os convidados quanto para as câmeras... mas até o sorriso é trêmulo... Já pensaram na tortura de se viver assim?

Mas fico com a definição mais a nível popular: o fóbico social é alguém que tem pavor de gente. Assim como alguns ficam em pânico por causa de uma barata, ou de um lugar fechado, ou de ter que ir a um lugar alto. O trágico é que, de CERTA FORMA, a gente pode viver evitando o máximo possível baratas, ambientes fechados, alturas, etc. Mas como evitar contato com as pessoas num mundo onde a gente tem que interagir com o outro para tudo, até para necessidades básicas da vida, como se alimentar e vestir? No meu tempo de colégio, tínhamos aulas de "Moral e Cívica" e a primeira frase dos livros era: "O homem é um animal social, ninguém é uma ilha". Lembro que essa frase sempre me incomodou, pois preferia mil vezes ser uma ilha... mas o livro dizia que isso não é próprio do ser humano, e agora? "Será que não sou humana?", pensava. O filósofo existencialista francês Sartre afirmou que "o inferno são os outros" e acho que é a frase que melhor define o pensamento dos fóbicos sociais. Temos pavor de sermos observados, julgados, avaliados, pois na nossa mente nunca nos avaliarão adequadamente, sempre seremos "reprovados no teste". A sociedade é o nosso "bicho papão", sempre nos observando com seus olhos de rapina, só esperando a hora exata para dar o bote e nos destruir. Na cabeça de um FS, se um grupo de pessoas está rindo, está rindo dele. Nós sabemos que todos esses nossos medos e pavores são irracionais e sem nenhum fundamento. O mundo não gira em torno de nós. Sabemos que errar é humano e que nossa vida não vai acabar se derrubarmos um copo ou tivermos um branco no meio de uma prova oral, que é ridículo ficar em pânico por causa de coisas tão insignificantes e que é absurdo se comportar assim. Mas a nossa mente continua nos torturando sempre e sempre, numa perfeita luta entre a razão (pois sabemos que nosso medo é irracinal) e a emoção (mesmo assim, entramos em pânico). Nós SABEMOS que as pessoas (na maioria das vezes), não são uma ameaça, mas mesmo assim as tememos. Acho engraçado quando as pessoas que sabem da minha doença me convidam para uma reuniãozinha em família ou alguma festinha. Sempre me dizem "pode ficar tranquila, é tudo gente boa, todos amáveis e delicados, você vai se sentir bem". Eu SEI que as pessoas são boas, que não vão sair me atacando ou me agredindo mas, mesmo assim, geralmente não vou à festa pois as pessoas, mesmo sendo "boas", vão me ferir de alguma forma. Mas vou desenvolver melhor o tema mais adiante...

Muitos confundem a Fobia Social com Síndrome de Pânico e Agorafobia (medo de lugares abertos, de sair de casa, de multidões). As pessoas que sofrem de Síndrome de Pânico estão muito bem, seja em casa, seja numa loja, não importa o lugar e, de repente, se vêem acomedidas, sem mais nem porquê, de um pânico intenso com a sensação de que vão morrer. Aparentemente, nenhum fator externo desencadeia a crise. Os fóbicos sociais podem ter ataques de pânico, mas são sempre causados por uma situação social determinada que nos apavora. Os fóbicos socias saem pouco de casa, mas não é porque têm medo de andar na rua, e sim porque querem evitar contato com pessoas. E a multidão não nos incomoda. Sempre fui a shows de rock em estádios lotados sem problema algum. A multidão só se torna uma "ameaça" se ela estiver lá por nossa causa, ou seja, se nós formos os músicos! No mais, é aquele sentimento de "estar só no meio de uma multidão". Sabemos que ninguém vai prestar atenção a nós no meio de tanta gente, e que o foco das atenções é outro, por isso não há medo nem pânico (a não ser que a gente vá ao show com um grupo de amigos, aí a coisa muda de figura, os amigos estarão interagindo com a gente e aí sempre podemos "dar um fora", dizer uma besteira, tropeçar num degrau, e alguém (na nossa cabeça) vai rir da gente). O que tem demais em alguém rir da gente? Os comediantes vivem disso! Mas, para os fóbicos sociais, é algo intolerável e que deixa marcas...

Há também esse novo "dilema" entre chamar de fobia ou de ansiedade social. A minha antiga neurologista defendia a teoria de que não é fobia, pois as fobias fazem a pessoa evitar completamente o objeto temido. A pessoa que tem claustrofobia, por exemplo, não entra DE JEITO NENHUM num elevador ou num avião, nem amarrada. Com certeza, se forçadas a esse ponto, desmaiarão. Já o fóbico social, mesmo aos trancos e barrancos, apresenta seu trabalho oral, não empaca na porta da Igreja em seu próprio casamento, etc. Muitos profissionais da saúde, que provavelmente pensam da mesma forma, preferem chamar de ansiedade, pois é justamente o que acontece, e a prova disso é os exemplos que dei de como fico ansiosa de uma maneira irracional e desmedida em antecipação a algum evento de "exposição social". Mas ainda prefiro chamar de FOBIA, creio que o termo "ansiedade" suaviza um pouco o nome da doença, fazendo com que pareça menos grave do que realmente é. Na cabeça das pessoas "normais", ansiedade é algo muito mais ameno do que fobia (embora não seja verdade). Acho que usar o termo "ansiedade" é como colocar uma maquiagem para "embelezar" o "monstro" que é esta doença. Concordo com o fato de que as pessoas evitam totalmente as situações que envolvem sua fobia, mas no caso dos fóbicos sociais, eles têm que se expor de qualquer jeito, desde o nascimento, então acho que há uma "dessensibilização gradativa", pois as pessoas vão se expondo sempre às situações sociais de um jeito ou de outro. Aliás, é uma das técnicas usadas atualmente para "cura ou melhora acentuada" dos sintomas de FS - exposição gradativa, em ambiente controlado. Eu questiono muito este método, pois já é usado instintivamente e por total necessidade desde que somos crianças, a não ser que tenhamos sido criados por lobos numa selva, estilo "Tarzan"...Além disso, sabemos que o "ambiente controlado" não é real... uma entrevista de emprego simulada não vai ser nunca igual a uma de verdade. Mas vou desenvolver esse tema mais adiante, quando discutirei e darei minha opinião sobre os tratamentos disponíveis atualmente.

Uma vez, uma colega da faculdade me deu um conselho (ela não sabia que eu sofria de FS, nem eu! Mas sabia que eu era "diferente"...): "Sua vida vai melhorar muito no dia em que você aprender a dizer "não"". É uma grande verdade! Os fóbicos sociais não sabem dizer "não", ou melhor, têm vergonha de dizer e ficam muito embaraçados se têm que rejeitar ou recusar algo. Acham sempre que a pessoa vai insistir e que vão acabar sem argumentos e cedendo de qualquer jeito, para não fazerem papel de bobos. Sempre tive horror a comprar roupas em "boutiques", pois acabava comprando um monte de roupas que não queria, não ficavam bem em mim e acabavam mofando no fundo do armário, simplesmente porque ficava com vergonha de dizer que não queria. Até hoje evito esse tipo de loja, sempre que possível, preferindo mil vezes comprar nas lojas de departamentos onde você escolhe a vontade, sem ninguém do seu lado te seguindo e te dando mil sujestões, experimenta o que quer sem uma vendedora te espiando semi-nua na cabine à toda hora, enfim, muito mais confortável e sem stress... Mas é bem verdade que é preciso saber dizer "não", um dia tenho que aprender! É ruim ter que ficar sempre arranjando desculpas elaboradas para recusar um convite, quando era muito mais simples dizer "não, muito obrigada, não quero, não estou com vontade, não posso", e fazer "pé firme". Mas é outro ponto fraco dos FS e do qual as pessoas se aproveitam um bocado para nos manipular! E, ainda por cima, por conta disso, passamos por mentirosos. Eu, que detesto mentira, tive que mentir muitas vezes e inventar histórias complicadas simplesmente para recusar um convite para uma festa... e muitas vezes os amigos acabavam descobrindo a mentira e ficavam sem entender... levavam para o lado pessoal, achavam que eu não aceitava o convite por ser esnobe ou não gostar realmente deles... Hoje em dia prefiro ir logo dizendo a verdade: que sofro de FS e que não me sinto bem em festas... mas aí vem aquela história "ah, todo mundo lá é gente fina, garanto que você vai gostar e são poucos convidados!". Será que algum dia as pessoas vão realmente entender o que é Fobia Social?

Também somos ULTRA sensíveis à opinião dos outros sobre nós. Se alguém fala alguma coisa a nosso respeito, uma crítica qualquer ou simplesmente uma observação que não nos agrada, ficamos remoendo aquilo meses e meses, pensando na injustiça de tal opinião, de como a pessoa é ruim e injusta de nos julgar assim e de nos rotular e, se for o caso, ficamos "ensaiando" em nossa cabeça mil argumentos para rebater a opinião da pessoa, se houver uma oportunidade. Mas aí vem outro problema: os FS não sabem sustentar uma discussão ou um debate. As idéias se embaralham, acabamos entrando em contradição e até chorando. Acho que passa por aí um grande narcisismo (ou a mania de perfeição da qual já falei): a gente sempre acha que está com a razão e não suporta passar por boba ou burra. As outras pessoas admitem seus erros sem traumas, mas para os FS, isso é uma tragédia e uma vergonha! Por isso, evitamos confrontos sempre que podemos, ou no caso de nos metermos numa discussão acalorada com alguém, acabamos fugindo e, no caso de estarmos em ambiente familiar, desatamos a chorar (pois os fóbicos sociais quase nunca choram em público). E o fóbico social acredita em TUDO que se diz a respeito dele. Se alguém me diz que sou feia, pronto! Me sinto feia e acredito piamente que sou feia, e agora ninguém vai me convencer do contrário. A opinião e a avaliação dos outros nos irrita profundamente. Um exemplo: sempre gostei muito de desenhar e aprendi a pintar em tecidos quando tinha uns 4 anos, com uma vizinha. Pois todos gostavam do meu trabalho. Ainda novinha, pintava flores ou bichinhos em lencinhos para uma tia vender na repartição onde trabalhava... e vendia tudo. E depois recebia encomendas de pintar enxovais de bebês e muitas outras coisas e, já adolescente, pintava camisetas. Foi o meu primeiro ganha-pão (e o único que me deu algum prazer!). Era talentosa também no desenho, e como sempre fui fascinada por arte sacra, ficava tentando reproduzir, à lápis (e lápis comum, nem era lápis de desenhista) algumas "Madonnas" de quadros famosos. Até que não me saía muito mal e geralmente ficava satisfeita com meus esforços. Pois meu pai tinha um amigo de infância que era pintor e resolveu mostrar-lhe, um dia, um desses meus esboços... ele analisou e disse que realmente eu era talentosa, mas que os braços da Madonna eram desproporcionais ao corpo... Eu era uma criança!!!! A observação me incomodou - e ofendeu - tanto que nunca mais permiti que mostrassem meus desenhos a ninguém e até me senti desmotivada a continuar desenhando (embora não tenha desistido...). Realmente, penso que meus pais e conhecidos eram muito exigentes para comigo, mas cabia a mim não ligar para isso! A maioria dos pais sempre acaba exigindo demais dos filhos, ainda mais quando sentem que estes são talentosos, não acho isso errado (ou, se é um erro, é inconsciente, eles não são culpados), o erro era eu levar isso tão a sério! O meu papel era ignorar os comentários, ou então reclamar que as pessoas estavam sendo muito rigorosas, já que eu sabia que no momento era tudo o que podia fazer. Que, tirando um ou outro gênio, como Mozart, já era uma grande façanha uma criança pequena estar tentando reproduzir quadros de Boticelli ou Michelângelo... Mas parece que nunca conseguimos agradar a todos, não é? E agradar é VITAL para os fóbicos sociais. Poderia também ter pensado positivamente e aceitado aquela observação como um elogio, pois se a única coisa errada com o meu desenho era a desproporção dos braços, então eu devia ser uma ótima desenhista... mas não... os fóbicos sociais nunca pensam de maneira positiva!

Outro sério problema é o horror de nos sentirmos pressionados, de alguma maneira, a fazer algo. Na maioria dos casos, elimina a possibilidade de qualquer emprego, pois sempre vai existir um grau maior ou menor de exigência e de pressão por parte dos superiores. E não conseguimos lidar com pressões, é algo que simplesmente nos esmaga. Muitos sugerem que eu encontre algum emprego no qual possa trabalhar em casa, quem sabe no computador e, dessa forma, sem precisar interagir com chefes e colegas, etc. Mas.... a coisa não é tão simples assim... Já tentei alguns trabalhos de tradução por encomenda e foi um verdadeiro pesadelo, simplesmente porque a maioria das pessoas não têm noção do trabalho que dá e do tempo necessário para se traduzir um texto. Muitos querem que você traduza um texto de 300 páginas em dois dias, o que é humanamente impossível! Enfim, a pressão de terminar o trabalho e as cobranças de quem o encomendou se tornam insuportáveis e lá estamos nós perdendo horas de sono só pensando nisso! Temos medo de "obrigações".... No meu caso, só consigo mesmo fazer trabalhos voluntários, pois nesse caso, o nível de pressão e exigência costuma ser menor (nem sempre, entretanto!!! Até mesmo em alguns trabalhos voluntários me senti pressionada pelas pessoas a ponto de ter que largar tudo!). Para se ter uma vaga idéia, até responder e-mails é algo que pode se tornar uma tortura para mim: muitas pessoas ficam ansiosas para receber uma resposta e ficam "cobrando" de certa forma, seja enviando outras mensagens, seja reclamando que "sumi". Tenho verdadeiro horror a isso, é algo que me deixa com raiva. Muitas vezes estou muito ocupada com os afazeres da casa e com meu filho, outras não estou com vontade ou me sentindo inspirada para responder... e quando vejo a minha caixa postal se enchendo de e-mails a serem respondidos, sinto uma angústia terrível! A mesma coisa se alguém fica reclamando que não telefono para ela, que não visito, etc. Aí é que não visito mesmo! Não consigo "funcionar" debaixo de cobranças. Mas sei que a maioria das pessoas não faz isso por mal e sequer tem noção do quanto isso tudo me perturba. Muitas das vezes só estão querendo ser gentis ou realmente sentem minha falta por gostarem de mim... Já desisti de muitas comunidades da internet porque tinha ocasiões em que, se eu não postasse uma mensagem por dois dias seguidos, já vinha o dono da comunidade ou forum "reclamar" do meu "sumiço". Tenho certeza de que as pessoa estava só querendo ser gentil e delicada. Mas, depois de um tempo, acabo mesmo sumindo, pois é algo que me irrita terrivelmente...

Creio que já me estendo muito nos exemplos mas, no momento, parece ser a melhor maneira (ou a menos ruim...) de fazer as pessoas compreenderem o que é ser fóbico social...

Saturday, August 20, 2011

Considerações Iniciais...









(Gravura - cartaz do filme Pink Flyod, The Wall, com o qual me identifico muito)




Minha mãe contava que comecei a falar bem cedo e com 1 ano e 7 meses já falava tudo e bem explicado. E, pelo jeito, mesmo em tão tenra idade, já filosofava sobre a vida (e, provavelmente, preocupava-me com ela). Estava, um dia, sentada quieta num canto e uma tia que estava nos visitando perguntou, de brincadeira, no que eu estava pensando. Respondi: "Pensando na vida...". Gargalhada geral, o feito devidamente registrado no "Álbum do Bebê" e meus pais com a certeza de que estavam com uma criança-prodígio em casa. Lembro que naquele tempo as pessoas gostavam muito de brincar com as pessoas que estavam quietas e sempre faziam a pergunta "está pensando na vida?". Eu estava provavelmente só imitando as brincadeiras que ouvia, o que, de qualquer jeito, já era adiantado para uma criança tão pequena.... não sei se nessa ocasião estava "realmente" pensando na vida, mas não demorou muito para que pensasse e pensasse e pensasse, não só na vida, mas em tudo com uma intensidade desmedida. A mente sempre trabalhando sem cessar, querendo saber o porquê de tudo, o sentido da vida, do amor e da morte. E quanto mais se pensa, mais se sofre. Reparem que as pessoas que vivem uma vida simples são geralmente alegres, mesmo no meio das maiores privações e desgraças, pois não é a gravidade do mal que determina o nível de sofrimento, mas sim o modo como a nossa mente avalia o acontecimento trágico. Isso parece, pelo menos na minha opinião, explicar o porquê de certas pessoas, apesar de condições totalmente adversas, vencerem na vida: como, por exemplo, um paraplégico que pinta quadros incríveis com a boca e transforma em arte o que poderia ser só tragédia, enquanto outros, por causa de um zero numa prova se atiram do décimo andar de um prédio.

Mas permitam-me que me apresente. Meu nome é Diana, tenho 48 anos e sofro de Fobia Social desde que me entendo por gente, o que me faz crer que já nasci assim. Sou "carioca da gema" mas estou há 12 anos morando nos Estados Unidos, pois me apaixonei e casei com um americano maravilhoso que conseguiu me aceitar do jeito que sou, e não é tarefa fácil (quem me conhece é que sabe!). Agora tenho um filhinho lindo de 9 anos. Sofro também de "Ansiedade Generalizada, de um "pouco" de TOC, de Síndrome do Intestino Irritável e de "Síndrome das Pernas Inquietas", além de muitos outros "achaques" (risos). Realmente, como diz o velho ditado, "estou com tudo e não estou prosa" pois todos esses distúrbios, até o presente momento, têm causas desconhecidas e os tratamentos disponíveis estão ainda em fase de estudo e longe de serem os ideais. Mas o importante é não perder a esperança e, enquanto a cura não vem (e nem podemos saber se algum dia virá...), aprender a viver e a seguir em frente com nossas limitações, fobias e fraquezas. Creio que a sociedade nos cobra uma mudança - temos que nos curar a qualquer custo e mudar nossa maneira de ser e sentir para nos enquadrarmos ao comportamento aceito como "normal" e, só assim, sermos aceitos. Mas a sociedade também deve cumprir sua parte, é possível fazer muita coisas para tornar a nossa vida menos sofrida e nosso caminho menos pedregoso. Bons sapatos ajudam a atravessar uma estrada pedregosa, mas a solidariedade dos que vão varrendo o caminho e eliminando algumas das pedras também é importante e necessária! Mas vou desenvolver esse e os demais assuntos relacionados à Fobia ao longo da minha página.

OBSERVAÇÃO IMPORTANTÍSSIMA:

Esta página contém MINHAS reflexões sobre o problema da fobia social, o MEU ponto de vista: o que sinto, penso, experimento e sofro. Não tenho NENHUMA formação médica ou psicológica e não pretendo, de jeito algum, influenciar alguém ou desencorajar quem quer que seja com meu modo de pensar. Acredito piamente que cada ser humano é ÚNICO, a mente humana, complexa como o universo, faltando muito para o homem conhecê-la em plenitude . NUNCA tome remédios ou tome decisões sobre medicamentos sem orientação médica. Creio que tenho o direito a dar minha opinião sobre um mal do qual sofro e não espero que concordem comigo e nem procuro impor minha maneira de pensar. Cada um é livre de chegar à conclusão que quiser. Muitas vezes minhas opiniões vão parecer chocantes, desencorajadoras e até mesmo muito agressivas e acredito que todos tenham um nível de discernimento pelo menos razoável para não se deixarem influenciar pelo que escrevo. Não é minha intenção magoar ou ofender quem quer que seja mas... sou politicamente incorreta justamente numa época em que isso não fica nada bem... e sempre pareço estar "nadando contra a maré"... Mas apenas procuro a VERDADE, pois "ela nos libertará"...
Por favor não me contactem para "conselhos" ou para fazer uma "terapia informal" comigo. Não tenho vocação para terapeuta e além disso, de problemas já bastam os mesmos. Nem sei resolver minha vida, como vou ter poder para resolver a dos outros...Nem sou "guru" de ninguém, que isso fique BEM CLARO.

E... AVISO AOS QUE "GOSTAM DE SE APROPRIAR DO TEXTO ALHEIO":

Fico sempre chocada com a constatação de que a internet se tornou uma verdadeira "terra de ninguém". A gente se esforça, pesquisa, se dedica, escreve um texto... para depois vê-lo copiado em milhares de páginas, às vezes só com uns "sinônimos" sapecados aqui e ali para que a cópia não seja tão evidente, sem que as pessoas citem o nome do autor ou ao menos coloquem um link para a página de onde foi tirado tal texto. Na maioria das vezes, atribuem a si mesmos a autoria. Sei que estou ficando velha, mas no meu tempo de escola e faculdade, copiar um texto sem citar fonte, ou seja, livro e autor, era zero na certa e plágio é um crime muito sério. No caso de tese, então, creio que implicaria em cassação do diploma. Sei que existe muita gente estudando a FS e que muitos estudantes de psicologia ou psiquiatria estão escrevendo teses de mestrado ou doutorado sobre o tema, ou mesmo uma simples dissertação para o curso universitário. Embora não goste de ser tratada como cobaia, compreendo que a doença ainda está em fase de estudo e, por isso mesmo, é preciso obter informação e estudar o maior número de casos possível. O depoimento dos fóbicos é fundamental, claro: quanto mais se souber sobre a doença mais chances haverá de tratá-la ou de tomar atitudes que tornem a vida dos fóbicos menos sofrida. A verdadeira arma dos fóbicos sociais é a conscientização. Mas, por favor, sejam gentis, éticos e profissionais! Se quiserem citar minhas "reflexões", peçam permissão antes, enviando-me uma mensagem por e-mail. E no caso de sites ou blogs, não custa nada colocar um link para o meu blog, não é? ;-) Se não agirem assim, como poderemos confiar em vocês e respeitá-los como profissionais?

Desde já agradeço a gentileza.









BLOG AINDA EM CONSTRUÇÃO! SOU "ANTIGA", DO TEMPO DAS WEBPAGES, E ESTA É A MINHA PRIMEIRA TENTATIVA DE TER UM BLOG. AINDA ME ENROLO TODA COM TEMPLATES, FORMATAÇÕES E ESSAS COISAS, ENTÃO, DESCULPEM O MAL JEITO! RSRSRSR